Draw For Me Jaeyi Seul Gi
— Vou te dar um atestado para o resto da tarde.Seul-gi assentiu em silêncio assim que a enfermeira falou, terminando de pôr o curativo em seu rosto. Tanto ela quanto a enfermeira Byeol já estavam cansadas do mesmo procedimento. Desde que foi parar em um orfanato, a vida escolar de Seul-gi se tornou um caos e parar em enfermarias com ferimentos era rotina.A enfermeira deu um rápido olhar de pena para Seul-gi ao se afastar. A mulher tinha conversado tantas vezes com a diretora sobre o caso que já havia perdido as contas, e agora, após se repetir vários dias seguidos, só restava a ela dar atestados e garantir algumas horas de livramento à jovem estudante.Seul-gi agradeceu de forma cansada ao pegar o papel e sair da enfermaria. A jovem puxou o capuz por cima da cabeça, começando sua caminhada rápida para fora da escola. Seria um problema encontrar Na-ri e as outras no meio do caminho.Seus passos ecoavam pelo corredor vazio, era raro alguém estar fora das aulas e os poucos que saiam, estavam nos banheiros se drogando.Seul-gi estava naquela escola há uma semana, havia conseguido uma bolsa por ser a melhor aluna de sua antiga escola. No interior ela conseguiu ser respeitada depois de anos sendo um alvo, mas ao chegar aqui, voltou à estaca zero.Durante sua caminhada que mais se assemelhava a uma fuga, Seul-gi sentiu seu corpo bater com força contra outra pessoa. Às duas caíram com força no chão, Seul-gi só conseguiu ouvir o baque do corpo da desconhecida junto de seu gemido de dor enquanto sentia algo amortecedor a própria queda. Ela havia caído em cima da outra pessoa, e assim que notou o fato, se afastou bruscamente.— Me desculpa — Seul-gi pediu um pouco sem graça, tocando no braço da garota na intenção de ajudá-la a levantar. — Você se machucou?— Está tudo bem — A voz firme da outra garota a tranquilizou, aceitando o pequeno ato de ajuda.Assim que estavam em pé outra vez, Seul-gi finalmente parou para notar em quem havia esbarrado. Ela já havia visto está menina algumas vezes pela escola, principalmente no seu dia de transferência. Jaeyi, a garota que por algum motivo todo mundo gosta de comentar sobre pelo menos uma vez ao dia. Elas estavam no mesmo ano, mas não na mesma turma.Jaeyi notou o olhar um pouco constrangido, mas bem avaliador de Seul-gi sobre si e sorriu afavelmente, como se esta situação acontecesse muito.— Meu nome é Jaeyi. — A mais alta se apresentou, oferecendo a mão educadamente.Seul-gi olhou entre sua mão estendida e seu rosto sorridente. Havia poucas coisas que Seul-gi havia aprendido naquela escola durante a sua única semana de estudos, e uma delas foi que ninguém ali era bom. Seul-gi começou a escutar o próprio coração nos ouvidos e o estresse começou a incomodá-la, e para o choque de Jaeyi, a garota em sua frente simplesmente desviou de seu corpo e se pôs a correr para longe, a deixando com a mão estendida para o nada.
~•~
O jantar com sua tia foi silencioso, como todas as vezes tendiam a ser. A situação entre elas era complicada e estranha, Seul-gi sabia que não podia ficar naquela casa por muito tempo.Após seu banho, a garota vestiu seu pijama e foi até a mesa de estudos.Três comprimidos.O som do mar era relaxante, os cálculos que estava fazendo eram horripilantes. As horas passavam e seu corpo eventualmente ficou exausto.Assim que concluiu o último exercício, Seul-gi largou seu lápis e deixou o corpo cair em sua cadeira. Sua mesa de estudos fica em frente a sua janela, sua vista é quase privilegiada, considerando tudo. Havia um pequeno parque em meio aos prédios, não era muito bem cuidado pela prefeitura e acabou ficando mal iluminado ao passar do tempo.Ao longe em meio a iluminação falha, do lado de uma árvore grande, Seul-gi jurou ter visto uma silhueta.~•~
Seu dia seguinte foi relativamente tranquilo. Na-ri pareceu ignorar sua existência completamente, o que foi um alívio sem precedentes para Seul-gi.— As provas estão chegando, é melhor começarem a estudar de verdade. — A professora falou de mau-humor, como sempre parecia estar. — Vou entregar uma folha de teste, façam em 20 minutos. Seul-gi estranhou o método da mulher, mas não hesitou em pegar a folha e começar a ler as questões. Ela não estudou aquilo! Não eram questões de terceiro ano, o que exatamente é isso?Seul-gi olhou discretamente à sua volta, ninguém parecia estranhar as questões como ela estava fazendo, na verdade, a maioria parecia ter certa facilidade em algumas delas. Ao fim do teste, Seul-gi tirou 4, uma das menores notas de toda a sala. E o pior, ela não teria as respostas daquela folha para estudar!~•~
Seu jantar foi rápido, a garota quase não comeu antes de decretar estar sem fome.— Seul-gi! A garota se virou confusa em direção a sua tia quando foi chamada, a mulher se levantou da mesa e foi até a mesinha em frente ao sofá, pegando um envelope branco e entregou a ela. Não havia nenhuma informação no envelope além do nome "Seul-gi" nele.— Estava no correio. — A mulher explicou sem muito entusiasmo.Seul-gi apenas assentiu com a cabeça, ainda estranhando, mas sem tempo para questionar muito. A garota foi para o quarto e abriu o envelope com uma certa curiosidade.Era o teste que a professora havia dado naquele dia... com todas as respostas e cálculos.Quem havia lhe enviado aquele envelope? Ela ainda não havia feito qualquer espécie de amigas naquele lugar, então porque alguém lhe daria essa informação?Seul-gi decidiu que iria descobrir, mas não tinha tempo naquele instante, ela iria estudar aqueles cálculos.Três comprimidos.As horas se seguiram muito produtivas e quando Seul-gi fechou seu caderno para dar fim a noite de estudos, sentiu um leve desconforto.Era a mesma sensação da noite passada, era uma sensação de ser observada. Depois de tantos anos sendo perseguida por colegas de classe querendo caça-la, seu instinto em relação a isso era quase deprimente de tão presente.Seul-gi acabou por lembrar da sombra da noite passada e moveu seu olhar em direção a árvore. Seu coração errou uma batida antes de começar a correr um pouco mais rápido.Estava ali, aquela pessoa estranha, completamente coberta por roupas escuras e virada diretamente em sua direção, era difícil ver de longe, mas Seul-gi sabia ser em direção a ela que aquela pessoa estava olhando.Seul-gi sentiu os pensamentos correrem em sua mente, as possibilidades do que deveria fazer naquele instante sobressaindo uma contra a outra.Polícia? Falar com a sua tia? Fechar a janela? Seria isso o que alguém normalmente faria, era o correto a fazer em uma situação tão estranha.Seul-gi levou automaticamente a mão em direção a corrente que fecharia sua janela, mas subitamente parou seus movimentos. Foi quase como um sussurro dentro de sua cabeça, as perguntas eram traiçoeiras como um ladrão.Porque aquela pessoa a estava observando?O que ela queria? O que ela havia achado interessante em Seul-gi para estar perdendo seu tempo, parada no frio daquela noite olhando para sua janela tão despretensiosamente?Lentamente, quase envergonhada, Seul-gi afastou a mão da corrente e quase tão devagar quanto, Seul-gi tomou seu lugar em sua cadeira outra vez, ainda podendo ver aquela pessoa ao longe. E por bastante tempo, às duas ficaram observando uma à outra.Seul-gi passou aquela noite inteira pensando no que havia feito, sem saber o porquê havia agido daquela forma.~•~
Talvez tenha sido a solidão e a sensação de ser esquecida o tempo todo que levou Seul-gi a manter sua janela aberta todas as noites, permitindo aquela pessoa observar seus movimentos sem restrições. A cada dia, Seul-gi sentia-se mais calma com o olhar fixo que recebia ao longe.Tudo estava relativamente mais calmo durante seus dias na escola, Na-ri parecia tê-la esquecido, mas de repente...— Eu deveria saber que tudo aquilo era só uma ameaçada fajuta de alguém! — Na-ri falou irritada antes de chutar com força o estômago de Seul-gi.De novo… tudo de novo. Seul-gi não conseguia nem criar a vontade de reagir, sua mente voava entre seu momento atual e suas memórias borradas em situações parecidas.Porque sempre acabava assim exatamente? Era cansativo. Seul-gi estava irritada, e a cada golpe, a raiva aumentava.Ela não se dissipou quando Seul-gi chegou em casa mais cedo depois de passar na enfermaria. Muito pelo contrário, Seul-gi sentia seu corpo tenso com as emoções acumuladas. Ela queria derrubar tudo ali, mas sua consideração pela dona do lugar a forçou a correr para o quarto e procurar internamente algo para aliviar o estresse.Foi assim que Seul-gi lembrou de um exercício que fazia durante a infância. Ela procurou suas folhas de desenho e lápis. Sua mão corria pelo papel sem descanso, o desenho estava pouco detalhado e dificilmente poderia ser compreendido por alguém, mas Seul-gi sentia suas emoções aliviarem durante a atividade.Ao final, estava ali, naquela folha amassada pela grosseria do tratamento, Na-ri, estrangulada por um cadarço, os olhos desesperados, como se tivesse passado medo antes do fim.Seul-gi observou o desenho por um tempo, mas logo o alívio e satisfação murcharam e ela amassou completamente o desenho, fazendo uma bola de papel. Antes de sua tia chegar em casa, Seul-gi levou o lixo para baixo e fez questão de tacar a pequena bola de papel onde ninguém teria curiosidade o suficiente para pegar.~•~
No dia seguinte, todas as alunas pareciam inquietas, mas Seul-gi ignorou a estranheza que estavam emanando. Ninguém ali agia normal de qualquer forma.— Fiquem de pé — A professora pediu de forma grosseira, todas as alunas se ergueram. — Vamos mostrar respeito a aluna que perdemos ontem a noite. — Assim que a mulher falou, Seul-gi olhou confusa em volta, não tendo notado anteriormente a falta de alguém.Seus olhos travaram na mesa de Na-ri, e um arrepio percorreu sua espinha.— Já deu, se sentem. Vamos iniciar um conteúdo novo hoje. — A professora interrompeu sem paciência a parada de três minutos antes de completar inteiramente o tempo.Seul-gi se sentou com uma sensação de formigamento em todo o corpo. Era quase como um conto de fadas, uma coincidência grotesca.Durante o intervalo, Seul-gi acabou por ouvir a fofoca que percorria a escola inteira naquele dia.— Dizem que ela foi encontrada morta em um beco! — Uma das garotas falou chocada.— Sim, e que foi com um cadarço no pescoço, que forma besta de morrer. — Outra, um pouco menos entusiasmada com o assunto, respondeu ríspida.Seul-gi sentiu o coração apertar em seu peito, sua respiração ficou difícil e ela se virou saindo em disparada em direção ao banheiro. As vozes à sua volta estavam estranhamente distantes, abafadas por sua respiração difícil. Assim que passou pela porta do banheiro, Seul-gi foi direto até a pia, ligando a torneira e jogando água em seu rosto.A sensação era estranha. Era uma mistura de medo e confusão. Porque havia sido tão parecido com seu desenho? Era uma coincidência horripilante. E se alguém encontrasse seu desenho e pensasse que foi ela? Por que de repente isso aconteceu?Enquanto se molhava com a água, o som da porta sendo aberta chamou sua atenção, fazendo-a olhar para quem entrou com os olhos um pouco arregalados. Sua mente ficando muito acelerada para agir naturalmente.Para sua surpresa, quem passou pela porta foi a mesma garota em quem havia esbarrado uns dias atrás, Jaeyi. Ao notar a situação de Seul-gi, a garota recém chegada correu em sua direção com uma expressão preocupada.— Seul-gi, você está bem? O que aconteceu? — Ela perguntou diretamente, chegando perto o suficiente para tocar em seu rosto, testando sua temperatura. — Está se sentindo quente?Seul-gi quase não piscou, surpresa com a aproximação repentina da garota que não havia trocado mais de 5 palavras. — Estou bem... — Seul-gi falou baixinho depois de um tempo sem conseguir reagir. Era a segunda vez que via essa garota, e não estava lembrada de ter lhe dito o seu nome.— Tem certeza? Posso ajudá-la se quiser! — Jaeyi ofereceu com carinho.— Só preciso de um segundo. — Seul-gi respondeu um pouco ríspida enquanto se afastava do toque insistente da outra garota. — Não precisa se preocupar comigo!E foi assim que Seul-gi fugiu outra vez de Jaeyi, deixando-a sozinha com a mão erguida para o nada.~•~
O resto do dia de Seul-gi foi repleto de paranoias. A cada vez que ouvia sobre o caso de Na-ri, seu coração travava com uma sensação de ansiedade. Naquela noite ela nem parou para jantar, correu para o quarto e tomou seu banho mais demorado do que o normal, tentando de alguma forma, escapar da sensação de peso que estava sentindo.Quando finalmente fechou a porta de seu quarto e se viu completamente sozinha, sua tensão diminuiu significativamente. A garota foi até sua mesa e abriu sua mochila com a intenção de pegar seus cadernos e livros e começar a estudar, mas assim que o fez, algo caiu de sua mochila direto no chão.Seul-gi franziu o cenho e se abaixou para pegar o pequeno objeto estranho. Assim que aproximou o mesmo de seu rosto, o refluxo foi instantâneo. Um pequeno frasco cheio de sangue com um papel escrito "Na-ri" colado a ele.Seul-gi correu para o banheiro deixando tudo sair pela boca assim que levantou a tampa do vaso. Seu coração estava correndo outra vez, suas mãos começaram a suar enquanto sua cabeça começava a doer.Ao voltar ao seu quarto, Seul-gi foi rápida em pegar aquele pequeno objeto e escondê-lo em uma caixa embaixo de sua cama. O que faria com aquilo? Como iria descartar?Incapaz de pensar em estudar naquele instante, Seul-gi guardou todos os materiais de volta em sua mochila. Durante sua atividade, aquela sensação que se tornou comum para ela nos últimos dias fez seus olhos correram em direção a árvore. Bem ali, parada debaixo de uma chuva leve, estava a pessoa estranha que Seul-gi via toda a noite.Seul-gi não precisou pensar por nenhum segundo a mais, estava ali a razão das coincidências! A pessoa ao notar a atenção que recebeu de Seul-gi, ergueu os braços, e para a surpresa da estudante, o ser estranho estava com uma câmera.Seu primeiro reflexo foi se esconder, ficando de joelhos e saindo da visão da câmera. O coração de Seul-gi estava dolorido de tanto que batia em seu peito. A garota sentia o corpo estremecer de angústia.Nunca aquela pessoa havia erguido uma câmera, porque justo no dia em que cometeu um crime e enviou a prova para as mãos de Seul-gi, estava fazendo isso? Estava ameaçando Seul-gi?Seul-gi começou a sentir os olhos arderem enquanto considerava essa possibilidade, afinal, foi ela quem fez o desenho, e agora tem o sangue da vítima em seu quarto como um serial killer que guarda partes de suas vítimas.— Eu não pedi por isso, não pedi por isso, não pedi... — Seul-gi repetia as palavras enquanto tapava os ouvidos com força.
Naquela noite, Seul-gi não se levantou do chão para deitar em sua cama ou fechar a janela. A garota se manteve embaixo de sua mesa por todas as horas necessárias até poder sair para ir à escola.
_________________________________________Olá☺️A probabilidade de eu reescrever isso aqui é grande.Bạn đang đọc truyện trên: Truyen3h.Co