Draw For Me Jaeyi Seul Gi
A palavra obsessão e obcecação têm origens distintas.
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Seul-gi não sabia como agir, tanto na escola quanto em casa. Todos os seus passos pareciam arriscados. A sensação de ser observada a perseguia a todo o momento, sem falta. Sua mente estava a todo o momento preso ao frasco de sangue que estava embaixo de sua cama. Quando sua sombra colocou aquele vidro ali? O único momento possível pode ter sido quando ela foi ao banheiro durante a aula do dia anterior, no momento em que descobriu sobre o assassinato de Na-ri. Ela é sua colega de classe para ter acesso a sua sala? Parece muito improvável. Seul-gi não conseguia entender qual eram as razões para alguém ter se inspirado no que ela desenhou para de fato tornar a cena em algo real. Descobrir a razão levaria ao assassino, certo? Mas...e se a razão for ela? Seul-gi havia pensado sobre aquilo a noite inteira. Sua sombra estava lá todos os dias, apenas a observando sem motivos aparentes. Uma pessoa louca?! Provavelmente foi ela quem deu as respostas dos cálculos que Seul-gi não sabia, afinal, ela nunca havia dito a ninguém sobre a localização de sua casa. Talvez sua sombra tenha pensado que estaria fazendo um favor? Seul-gi franziu a expressão ao chegar neste pensamento. O quão insano alguém tem que ser para chegar nesta linha de raciocínio? Mas depois disso, a estudante não poderia se dar ao luxo de questionar a probabilidade de estar sendo perseguida por um maníaco. – Hey, Seul-gi. – Dasom, sua colega de classe que até uns dias atrás era amiga de Na-ri, se sentou despretensiosamente ao seu lado. – Você deve estar tão aliviada com o que aconteceu, né? – A garota perguntou antes de cutucar o ombro de Seul-gi.Normalmente Seul-gi iria apenas responder algo sem se importar em agradá-la, mas sua mente estava acelerada demais em seus pensamentos para se quer dar atenção a garota ao seu lado. Seu comportamento não agradou a outra, que bufou em descrença antes de rir levemente em deboche. Dasom se virou para seu grupo de amigas que se manteve ao longe e as chamou com um movimento de cabeça. – O gato comeu sua língua? – Provocou outra vez, ficando sem resposta de novo. A garota apertou o maxilar em estresse. – O que há com você? – Ao reclamar, Dasom beliscou a bochecha de seul-gi com força, arrancando a mesma de seus pensamentos. – Mas que droga. – Seul-gi deixou escapar irritada, se virando para a outra com o semblante fechado, afastando sua mão com força. As quatro garotas a sua volta pareceram levemente chocadas com a reação agressiva, mas Dasom foi rápida em rir, como se Seul-gi tivesse feito algo muito engraçado. – Ohh, você ganhou coragem agora que Na-ri não está mais aqui para cuidar de você? – Falou fechando o semblante, pegando o braço de Seul-gi com força, o suficiente para deixar uma marca. – Acha que aquela estranha que escreveu para Na-ri ainda está prestando atenção em você? Depois de uma mensagem ela nunca mais apareceu... – Assim que Dasom falou, Seul-gi lhe deu total atenção. – Do que você está falando? Quem mandou mensagem para vocês? – Vai se fingir de desentendida? – Dasom riu desacreditada. Antes que Seul-gi pudesse pensar em alguma forma de fazer Dasom falar, a garota pareceu ter tido uma ideia. – Não precisa se preocupar, eu não vou deixar você sozinha igual àquela esquisita ou a covarde burra da Na-ri que te deixou depois de uma simples mensagem! – Ao falar, Dasom pegou o queixo de Seul-gi com força, fazendo-a olhá-la diretamente. – Não acha uma boa ideia? Seul-gi soltou uma leve risada de descaso antes de responder. – Quanta determinação, por acaso você gosta de mim, Dasom?Mesmo que sua fala tenha levado a uma sessão desgastante com a dita garota ao final do dia escolar, Seul-gi não estava muito preocupada com isso no momento. Toda a sua atenção estava presa em sua sombra. Uma pessoa que a ajuda com os estudos. Outra que a observa todas as noites sem falta. E outra que matou alguém e deixou a prova em sua bolsa. E agora Seul-gi descobriu que alguém já havia ameaçado Na-ri anteriormente para mantê-la afastada de Seul-gi. Sua sombra queria o que ao fazer todas essas coisas por ela?~•~
Ao chegar em casa naquela tarde, Seul-gi passou no correio, como tem feito todos os dias depois de ter recebido aquelas respostas por ali. Mesmo fazendo isso, Seul-gi não conseguiu impedir a surpresa e o pequeno arrepio na espinha quando de fato encontrou outra carta como aquela em meio as contas de sua tia. Um envelope branco com apenas o seu nome escrito nele. A garota correu até chegar ao seu quarto e assim que se viu sozinha com a aporta fechada, Seul-gi abriu a carta sem muita cerimonia. "Eu fiz um bom trabalho, não fiz? Acho que mereço uma recompensa da minha Seul-gi. Não se esconda desta vez." Seul-gi engoliu em seco ao ler as palavras, seus olhos automaticamente indo em direção a sua janela, estava cedo demais para sua sombra aparecer. Então de fato suas atitudes eram resultado das emoções de Seul-gi, sua sombra realmente havia agido em resposta ao desejo de Seul-gi, ou pelo menos, a o que a sombra pensou que Seul-gi queria.É sua culpa! Seul-gi não conseguiu silenciar o pensamento ecoando em sua cabeça. Nas horas seguintes Seul-gi tentou agir normalmente. Jantou com sua tia e depois foi tomar seu banho. Sua mente presa na carta simples e bem explicativa que recebeu. Recompensa? Foi por isso que ela havia tentado tirar uma foto de Seul-gi na noite anterior...ela queria uma recompensa por ter tirado a vida de Na-ri? O que ela faria com a imagem? Naquela noite Seul-gi pegou seu maior pijama e tentou deixar os cabelos um pouco afrente de seu rosto, mas a garota jurava que o vermelho de suas bochechas ainda poderia ser visto a quilômetros de distância. Ao se preparar para suas horas de estudo, Seul-gi avistou sua sombra ao longe, a garota ergueu os braços outra vez quando recebeu a atenção de Seul-gi. Com o coração acelerado, Seul-gi se manteve em pé, vendo o pequeno flash que a câmera fez ao tirar a foto. Enquanto observava sua sombra, Seul-gi notou que sua altura comparada a arvore dava bem no início de um galho... Desta vez Seul-gi tomou 2 comprimidos, deixando sua atenção muito dividida entre seus estudos e a pessoa que a observava.~•~
Na manhã seguinte, Seul-gi saiu mais cedo e foi até a praça que via de seu quarto, foi até a arvore, olhando cuidadosamente para todos os lados, mas naquele horário havia pessoas passando por ali para ir até o trabalho. A garota caminhou até chegar exatamente aonde sua sombra tendia a se esconder. Parou embaixo do galho que ficava na altura da cabeça daquela garota e notou que era consideravelmente mais alta do que ela. Seul-gi puxou sua mochila e a abriu para pegar a fita métrica que havia pegado das antigas coisas de seu pai na lavanderia. Seul-gi mediu a altura de sua sombra e anotou antes de guardar a fita, saindo do lugar o mais rápido que conseguiu.Sua lista de possibilidades na escola havia diminuído bastante.~•~
– O que você está estudando? – Seul-gi sentiu o corpo tencionar com o susto que levou. A garota desviou o olhar deu seu bloco de notas para a pessoa parada em sua frente. Outra vez Seul-gi se viu de frente para Jaeyi. A estudante da outra sala sorria gentilmente, olhando com uma curiosidade animada em sua direção. Seul-gi não soube o que responder de imediato, mas puxou o bloco de notas para esconder o que tinha nele. Eram todos os nomes de possíveis sombras, e a maioria já havia sido descartada. – São...apenas algumas anotações. – Mesmo receosa, Seul-gi já havia encontrado esta garota várias vezes ultimamente, e até então, ela não agiu como um pé no saco como as outras. Tudo bem conversar se for alguns minutos, certo? Jaeyi pareceu mais do que satisfeita com a falta de rejeição em sua voz e foi rápida em pegar a cadeira ao seu lado. – Você não sai da sala mesmo durante o intervalo? Raramente te vejo pela escola. – Jaeyi perguntou ficando com as pernas viradas em direção as de Seul-gi, tocando-a suavemente, deixando a outra garota um pouco sem jeito com a aproximação. – Não vejo necessidade de sair o tempo inteiro. – Respondeu baixinho. Seul-gi sentiu o corpo todo formigar e desviou o olhar de Jaeyi para as outras garotas na sala. Não tinha uma pessoa que não estivesse prestando atenção na interação das duas. – Ouvi falar que tem tido algumas dificuldades com certos conteúdos, eu posso te ajudar se quiser. – Por que você faria isso? – Seul-gi perguntou desconfiada. – Porque eu gostei de você, Woo Seul-gi. Acredito que poderíamos ter uma boa amizade. – Jaeyi respondeu com sinceridade, tocando suavemente em seu braço. – Eu não tenho nada que possa te acrescentar, não deveria perder seu tempo. – Assim que essas palavras saíram da boca de Seul-gi, a outra garota pareceu, por um milésimo, ter ficado irritada. Tão rápido que Seul-gi se questionou se de fato aconteceu a mudança de expressão. – Você está muito enganada, você é a pessoa que mais pode me dar o que eu desejo! – Jaeyi respondeu com certa firmeza, mas ela logo suavizou a voz e carinhosamente colocou uma mecha do cabelo atrás de sua orelha, pegando a garota de surpresa. – Não tape o rosto com seu cabelo, você é muito bonita para ficar escondida. Seul-gi sentiu o coração acelerar por um momento antes de afastar um pouco o rosto do toque, fazendo Jaeyi rir suavemente, achando fofo sua timidez. – Não precisa se preocupar, eu já tenho recebido ajuda de alguém. –Seul-gi falou um pouco rápido, começando a sentir o desconforto da atenção de suas colegas. Jaeyi não reagiu por um momento, mas depois assentiu suavemente com a cabeça, oferecendo um sorriso de compreensão. – Tudo bem, só saiba que eu vou estar mais do que disposta a te ajudar com qualquer coisa. Seul-gi pela primeira vez não sentiu que a ajuda que foi oferecida era falsa, mas também não entendeu muito a bondade da outra garota. O que estava acontecendo com as pessoas?Jaeyi se manteve ao lado de Seul-gi durante todo o intervalo, parecendo muito interessada em ouvir sobre suas aulas do dia. Quando finalmente tocou o sinal e a mais alta se despediu para voltar para a própria sala, Seul-gi abriu seu bloco de notas, anotando o nome de Jaeyi.Naquele dia, Dasom pareceu inspirada em relação a provocá-la, dizendo não ser justo Jaeyi gostar dela.~•~
Naquela noite a sombra não estava com uma câmera, o que deixou Seul-gi um pouco mais relaxada em sua mesa de estudos, mas também bastante intrigada. – Para uma pessoa louca você é bem controlada, não é? – Seul-gi sussurrou enquanto observava a pessoa pela janela. – Você só vai tirar uma foto se fizer um bom trabalho, mas não tem nenhuma tarefa para fazer, porque não dei nenhuma. Seul-gi levou a ponta de seu lápis até os lábios, não conseguindo focar direito nos estudos, sua atenção sendo sugada para aquela pessoa. Ela havia descoberto que a polícia havia fechado o caso de Na-ri, prendendo um homem que foi acusado de feminicídio a alguns anos atrás. Aquela pessoa era esperta já que conseguiu incriminar alguém, então Seul-gi não acreditava se tratar de uma louca qualquer, e mesmo assim, lá estava ela, ansiosa para encontrar um papel amassado no lixo. Seul-gi bufou enquanto desistia dos estudos naquele dia, largando o lápis em cima da mesa e deixando seu corpo cair em sua cadeira. – Se continuar assim, terei péssimas notas! – Falou com pesar, deixando sua atenção vagar pelo quarto. Seus olhos não estavam focando em nada específico, até que viu seus materiais de desenho que estavam jogados no canto do quarto de uma forma quase esquecida. Obcecação tem origem no latim obcaecare, que indicava um estado de cegueira. Isto porque o indivíduo obcecado não consegue avaliar os seus comportamentos e a própria realidade. Seul-gi não conseguiu impedir de se levantar e buscar os papéis. A garota olhou em direção a sombra depois que voltou a mesa, e pela primeira vez ela teve uma reação diferente dela. Assim que mostrou uma folha em branco na janela, sua sombra tombou levemente a cabeça para o lado. Seul-gi suspirou ao pegar seu lápis de desenho e levá-lo até a folha. A cada linha que fazia, Seul-gi tinha a sensação de estar cruzando limites incorrigíveis.– Como vender a alma ao diabo... – Seu comentário saiu com pouco humor ao finalizar o desenho.~•~
Jaeyi sorriu de lado ao pegar a folha amassada uma hora depois que viu Seul-gi cair no sono em sua cama. – Você está cedendo, meu amor? – A garota sussurrou com um leve divertimento enquanto desenrolava o papel. Jaeyi não soube exatamente qual reação deveria ter tido, mas o que saiu depois do pequeno choque foi uma risada de diversão. – Você é tão criativa, minha nossa! Por outro lado, obsessão vem do latim obsedere, que indicava o ato de cercar ou rodear alguma coisa ou alguém. ________________________________________Olá :)Bạn đang đọc truyện trên: Truyen3h.Co